Mesmo com todas as inovações, a história do Deus continuava sendo narrada, sempre na terceira pessoa, com muito respeito e distanciamento. Até que em 534a.C., um corifeu chamado Téspis, resolve encarnar o personagem Dioniso, e transforma a narração, num discurso referido na primeira pessoa. Nasce o primeiro actor!"Eu sou Dioniso" – diz Téspis, considerado historicamente o primeiro actor.Conta-se que Sólon, famoso legislador grego, assistindo à nova proposta de Téspis, perguntou-lhe se ele não se envergonhava de mentir, fingindo ser alguém que de facto não era. Ao que Téspis respondeu, dizendo:- Mas eu estou apenas a brincar.Sólon, muito preocupado, argumentou, dizendo:- Mas a partir de agora as pessoas também poderão mentir / brincar nos contratos. Neste curto diálogo entre Téspis e Sólon podemos perceber o carácter de jogo e de brincadeira (que Sólon chama de mentira), sempre inerente ao trabalho do actor.
No início da história o actor foi chamado de Hypocrités (hipócrita), ou seja, aquele que finge ser alguém que não é.
Actor, em grego, era hypocrites («o respondente»), e isto porque respondia ao coro. Téspis, actor de Icária (um dos primeiros baluartes do culto de Dioniso), foi o primeiro a fazer isto, e ainda há quem por vezes chame tespianos aos actores. Como o actor usava uma máscara, a palavra hypocrite veio mais tarde a significar uma pessoa dúplice - alguém que se faz passar pelo que não é. O teatro tem tido sempre o duplo carácter da sinceridade e do fingimento.
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